Paris
– Franca
— Esplendor e Contradições
—
“Transcorrida
no Mundo entre 1870 e 1914, foi uma época brilhante, na qual infelizmente o
mito do progresso gerou novos estilos de vida, incompatíveis com a moral, o
esplendor e a cortesia”.
Nelson R. Fragelli
La Belle Époque
A
Belle Époque ou
La Belle Époque (expressão francesa que significa bela época)
foi o período de cultura cosmopolita na história da Europa que compreende cerca
de quarenta e três anos, depois de anos de guerras imperiais e lutas de poder tendo
início após a Guerra Franco-Prussiana, de 1870-71, que resultou na unificação
da Alemanha, e terminando com o advento da Primeira Guerra Mundial, em julho de
1914.
Entendendo
Para entender a Belle Époque, precisamos fazer uma parada rápida no século
XIX.
Os anos 1800, já começaram com a
Europa sendo sacudida pelas guerras de conquista orquestradas por Napoleão Bonaparte.
Depois que Napoleão Bonaparte foi derrotado
definitivamente (1815), os principais reinos europeus se organizaram em um
grande evento diplomático, o Congresso de Viena, que tinha por principal
objetivo colocar de volta nos seus respectivos tronos todos os reis que tinham
sido depostos por Bonaparte,
devolver as fronteiras aos seus traçados originais e reafirmar a autoridade dos
reis e da Igreja.
Isso deu origem a uma onda de
revoluções regionalizadas na década de 1820, reivindicando a independência de
países como a Grécia, que pertencia ao Império Otomano.
Nestas revoluções já aparecia um
elemento perigoso, que se manteve latente durante todo o século e teve um papel
importante na Primeira Guerra Mundial: o Nacionalismo.
"A Liberdade Guiando o Povo", de Eugene Delacroix
Alusão à Revolução de
Julho de 1830, França
Em 1830, uma nova avalanche de
levantes, que chegou a atingir o Brasil e tem relação direta com a renúncia do
nosso imperador D. Pedro I.
Em 1848, quando as coisas estavam
começando a parecer mais calma, mais de 50 levantes ocorreram pela Europa
inteira, motivados por questões políticas e por uma crise agrícola gigantesca.
Nas décadas seguintes, a Itália e
a Alemanha, ambas formadas originalmente por uma série de reinos independentes,
se unificariam para dar origem aos países que conhecemos.
O Império Alemão, se formou após
uma guerra na qual a França saiu vergonhosamente derrotada.
Introdução
A nostalgia do público francês pelo período da Belle Époque baseava-se,
em grande parte, na paz e na prosperidade relacionadas com ele em
retrospectiva. Duas devastadoras guerras mundiais e suas conseqüências fizeram
a Belle Époque parecer
um tempo de alegria de viver em contraste com as dificuldades do século XX.
Foi também um período de estabilidade que a França gozou
após o tumulto dos primeiros anos da Terceira
República francesa, começando com a derrota da França na Guerra Franco-
Prussiana, a Comuna de Paris e a queda do general Georges Ernest Boulanger.
A derrota de Boulanger
e as celebrações ligadas à Feira Mundial de 1889 em Paris, lançaram uma era de
otimismo e riqueza. O imperialismo francês estava em seu auge. Era um centro
cultural de influência global, e suas instituições educacionais, científicas e
médicas estavam na vanguarda da Europa.
No entanto, não era inteiramente a realidade da vida em
Paris ou na França. A França tinha uma grande sub-classe econômica que nunca
experimentou grande parte das maravilhas e entretenimentos da Belle Époque. A pobreza permaneceu endêmica nas favelas
urbanas de Paris e no campesinato rural durante décadas após o fim da Belle Époque.
O caso Dreyfus
expôs as realidades escuras do anti- semitismo francês e da corrupção
governamental.
Conflitos entre o governo e a Igreja Católica Romana foram
regulares durante o período. Alguns da elite artística viu o Fin de siècle em
uma luz pessimista.
A partir da década de 1870,
graças à habilidade dos diplomatas, a Europa entrou em um período de relativa
estabilidade e paz.
Este momento histórico coincidiu com a era da Terceira República Francesa e foi um
período caracterizado pelo otimismo, paz na França e na Europa, bem como
descobertas científicas e tecnológicas, que tornavam a vida mais fácil em todos
os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência:
Cabarés, o Cancan, o nascimento do cinema, e a arte tomava novas
formas com o Impressionismo e a Art Nouveau.
A expressão Belle Époque, contudo,
só surgiu depois do conflito armado para designar um período considerado de
expansão e progresso, nomeadamente a nível intelectual e artístico.
Foi uma época marcada por profundas transformações que se
traduziram em novos modos de pensar e viver o cotidiano.
Belle Époque e Modernidade:
-Entusiasmo e Euforia
com o Progresso
Foi considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz
entre os países europeus.
Mas, na verdade, não é possível demarcar tão rigorosamente
seus limites, uma vez que ela é mais um estado espiritual do que algo mais
preciso e concreto.
Mudanças
A "Belle Époque" foi
representada por uma cultura urbana de divertimento incentivada pelo
desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, que aproximou ainda mais
as principais cidades do planeta.
Em meados do século XIX, cinco importantes mostras
internacionais organizadas na cidade-luz indicaram as novas inclinações
estéticas aos artistas de todo o mundo.
Uma delas, a de 1855, revelou uma oposição entre os
seguidores do neoclassicismo de Dominique
Ingres e os do romantismo de Eugéne
Delacroix. Este saiu vitorioso do embate, estendendo seu triunfo ao
movimento cultural por ele representado.
Nesta mesma exposição o artista Gustave Courbet, ao ver seus trabalhos rejeitados, montou próximo
ao salão das obras expostas seu Pavilhão do Realismo.
Em 1867, seus esforços são recompensados, pois neste ano ele
e sua obra tornam-se o centro das atenções, com o êxito da escola realista.
Sabemos que o processo de industrialização na Europa e
também no Norte dos Estados Unidos começou a ter um amplo desenvolvimento ainda
durante a primeira metade do século XIX.
Esse desenvolvimento possibilitou a mecanização do trabalho,
antes manual e manufaturado, e a consequente produção em larga escala de bens
de consumo (comida e vestimentas em geral), transportes (trens e navios a
vapor, bondes elétricos, automóveis) e bens de produção (maquinários de
diversas ordens).
Nessa esteira, na segunda metade do século XIX e nos
primeiros anos do século XX, maiores avanços tecno-científicos foram
conseguidos, como o advento da medicina higienista de Louis Pasteur e da microbiologia.
Tudo isso provocava uma euforia com o progresso, uma fé na
ciência e na tecnologia que dava à população da época a nítida certeza de que
vivia um período exuberante e frenético.
O mundo começava também a se integrar globalmente em razão
de invenções como o telégrafo transcontinental.
No clima do período, especialmente em Paris, as artes
floresceram. Muitas obras-primas da literatura, música, teatro e artes visuais
ganharam reconhecimento.
A Belle Époque foi nomeada, em retrospecto, quando começou a ser
considerada uma "Idade de Ouro",
em contraste com os horrores da Primeira Guerra Mundial.
Tratou-se de uma época de otimismo entre a população que
passou a ter uma grande crença no futuro.
Nos novos-ricos Estados Unidos, que emergiam do Pânico de
1873, a época comparável foi apelidada de Gilded Age.
A Belle Époque americana é instalada rapidamente no país, por
meio de uma breve industrialização que começa em meados de 1875, e depois ainda
sobrevive até 1930, sendo aos poucos minada por novos movimentos agrícolas.
Na Grã-Bretanha, a Belle Époque coincidiu com a Era Vitoriana tardia e a Era
Eduardiana.
Na Alemanha, a Belle Époque coincidiu com os reinado do káiser Guilherme I e
Guilherme II.
Na Rússia coincidiu com os reinados dos czares Alexandre III
e Nicolau II.
Na Itália com os reinados dos reis Vítor Emanuel II,
Humberto I da Itália e o início do reinado de Vítor Emanuel III.
No México com o período foi conhecido como Porfiriato.
O Brasil vivia os anos finais do Império com Dom Pedro II e os primeiros anos da
República.
Na Europa, os antigos Império Austro-Húngaro e Império
Otomano, com capitais em Viena e Constantinopla respectivamente, ainda eram
considerados grandes potências, apesar de ambos terem sidos desmantelados após
a Primeira Guerra Mundial.
A Belle Époque foi uma era efusiva em que a crença no progresso
civilizacional e no desenvolvimento tecno-científico dava a tônica do momento, um período de paz internacional,
crescimento econômico, relativa estabilidade política e urbanização acelerado.
Os epicentros deste mundo eram Paris e Viena, capitais da
vida social e cultural.
Não por um acaso a Belle Époque é,
por excelência, a era das invenções e dos prazeres – mas também de tensões
sociais.
Principais Causas
Com o fim da guerra Franco-Prussiana, surge na Europa uma
política de estabilidade, apesar da insatisfação francesa em perder os
territórios de Alsácia-Lorena para a Alemanha em 1871, o que acabou gerando
também uma tensão militar entre aquelas potências.
A despeito da corrida armamentista que se desenrolava, o
clima de progresso da Segunda Revolução
Industrial provocou um forte êxodo rural e favoreceu o desenvolvimento de
uma cultura urbana cosmopolita e de divertimento, fomentada pelos avanços nos
meios de comunicação e transporte.
Principais Características
O ponto marcante desta época foi o estilo de vida boêmio e
otimista, com destaque para a França, a qual se tornou o centro Global de toda
influência educacional, científica, médica e artística após a instauração da Terceira República Francesa, em 1870.
Ademais, se a nação francesa era o polo difusor, Paris era o
núcleo da Belle Époque Mundial.
Paris - Centro Cultural Mundial
O núcleo da Belle Époque era Paris, na altura o centro
cultural do mundo.
Ir a Paris ao menos uma vez por ano era quase uma obrigação
entre as elites, pois garantia o vínculo com a atualidade do mundo.
Paris se torna o centro cultural mundial, com seus
cafés-concertos, balés, operetas, livrarias, teatros, boulevards e a alta
costura inspirando e influenciando várias regiões do Planeta. Toda a elite
intelectual consome avidamente os livros de Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Zola, Anatole France e Balzac, uma referência existencial para
os que estavam sintonizados com os ares da Belle Époque.
Esta era é até hoje relembrada como uma época de
florescimento total do belo, de transformações, avanços e paz entre o
território francês, onde este movimento se centralizou, e os países europeus
mais próximos.
Política
Os anos entre a Guerra Franco- Prussiana e a Primeira Guerra
Mundial foram caracterizados por uma estabilidade política incomum na Europa
Ocidental e Central.
Embora as tensões
entre os governos francês e alemão persistiram como resultado da perda francesa
da Alsácia-Lorena para a Alemanha em 1871, conferências diplomáticas, incluindo
o Congresso de Berlim em 1878, a Conferência de Berlim Congo em 1884 e a
Conferência de Algeciras em 1906, medidas que ameaçavam a paz européia em
geral.
A França gozava de relativa estabilidade política em casa
durante a Belle Époque. A morte súbita do presidente Félix Faure no cargo tomou o país de surpresa, mas não teve nenhum
efeito desestabilizador sobre o governo.
A política europeia viu muito poucas mudanças de regime, com
a maior exceção sendo Portugal, que experimentou uma revolução republicana em
1910.
No entanto, as tensões entre os partidos socialistas
operários, os partidos liberais burgueses e os partidos conservadores
arrogatórios ou aristocráticos aumentaram em muitos países. Foi afirmado que a
profunda instabilidade política desmentia a calma superfície da política
européia na época.
De fato, o militarismo e as tensões internacionais cresceram
consideravelmente entre 1897 e 1914, e os anos imediatamente anteriores à
guerra foram marcados por uma competição geral de armamentos na Europa.
Adicionalmente, esta era um
colonialismo ultramarino maciço, sabido como o imperialismo novo.
A parte mais famosa desta expansão
imperial foi a Corrida pela África.
Ao mesmo tempo, este período testemunhou a escalada do
socialismo organizado e dos militantes operários. Os confrontos criados por
este novo cenário, somados às controvérsias políticas então vigentes, geraram
um posicionamento dos franceses entre a esquerda e a direita.
Simultaneamente, os trabalhadores começaram a organizar
sindicatos e partidos políticos, nomeadamente os socialistas.
Mesmo com esta tensão no ar, o contexto desta época é
lembrado como a era dourada, subitamente abalada pelo início da Primeira Guerra
Mundial.
Na Ásia, o Japão, que passava pelo período chamado Era Meiji
rapidamente se modernizava e industrializava e começava a rivalizar as
potências européias.
Caso Dreyfus
A questão política mais séria para enfrentar o país durante
esse período foi o caso Dreyfus. O capitão Alfred
Dreyfus foi injustamente condenado por traição, com provas fabricadas de
funcionários do governo francês.
O anti- semitismo dirigido a Dreyfus, e tolerado pelo
público francês em geral na sociedade cotidiana, era uma questão central na
controvérsia e nos julgamentos judiciais que se seguiram.
O debate público em torno do caso Dreyfus cresceu em tumulto
após a publicação de J'accuse, uma carta enviada aos jornais pelo proeminente
romancista Émile Zola, condenando a
corrupção do governo e o anti-semitismo francês.
O caso de Dreyfus consumiu o interesse do francês por
diversos anos e recebeu a cobertura pesada do jornal.
Uma manchete de jornal para a carta aberta de Émile Zola ao governo francês e ao
país, condenando o tratamento do Capitão
Alfred Dreyfus durante o Caso Dreyfus.
Classes
De fato, para muitos europeus no período da Belle Époque, as
afiliações transnacionais, de classe, eram tão importantes quanto as identidades
nacionais, particularmente entre os aristocratas.
Um cavalheiro da classe alta poderia viajar por grande parte
da Europa Ocidental sem um passaporte e até residir no exterior com a mínima
regulamentação burocrática.
Enquanto isso, o movimento operário internacional também se
reorganizou e reforçou identidades pan-européias, de classe, entre as classes
cujo trabalho apoiava a Belle Époque.
A organização socialista transnacional mais notável foi a Segunda Internacional.
Anarquistas de diferentes afiliações foram ativos durante o
período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. Assassinatos políticos e
tentativas de assassinato ainda eram raros na França (ao contrário da Rússia),
mas houve algumas exceções notáveis, incluindo a presidente Marie François Sadi Carnot em 1894.
Uma bomba foi Detonado na Câmara dos Deputados da França em
1893, causando lesões, mas não mortes.
O terrorismo contra civis ocorreu em 1894, perpetrado por Émile Henry, que matou um patrono do
café e feriu vários outros.
Progresso Materiais
A prosperidade da era francesa se refletiu em eventos importantes,
como a evolução da Família Peugeot a
partir da produção e distribuição de café e bicicletas até a fabricação de
carros, começando com um protótipo em 1890.
De toda forma, pudemos vislumbrar em todo Ocidente, as
revoluções provocadas com a melhoria nos transportes públicos de massa (trens e
navios a vapor) ou individuais (Ford T e a bicicleta), pelas tecnologias de
telecomunicações (telefone e telégrafo sem fio), ou pela substituição da
iluminação a gás pela elétrica.
Houve também grandes progressos a nível da química, da
eletrónica e da siderurgia, assim como da medicina e da higiene, o que permitiu
fazer baixar as taxas de mortalidade.
Inovações tecnológicas como o telefone, o telégrafo sem fio,
o cinema, a bicicleta, o automóvel, o avião, inspiravam novas percepções da
realidade.
Ainda na França surgiram o pneumático de borracha removível
de Edouard Michelin (1890), o
Peugeot Tipo 3 (1891), a primeira força aérea nacional (1910), a indústria
cinematográfica de Auguste e Louis Lumière, dentre outras.
O Ford T, um carro "bom e barulhento", como diziam
seus contemporâneos, grande símbolo progressista da Belle Époque.
Uma das formas encontradas para celebrar todos estes progressos,
foi a organização da Exposição
Universal de Paris, que teve lugar em 1900, nos
Campos Elísios e nas margens do rio Sena.
Invenções Modernas e
Mudanças Sociais
Entretanto,
havia o outro lado — realidade contraditória com o encanto social da Belle
Époque.
Ela
representa a segunda impressão que logo vem à lembrança, ainda hoje, quando
pensamos naquele período entre 1870-1914.
Essa
realidade se apresentou insidiosamente às pessoas de então, sob a máscara
atraente do enorme progresso técnico. As cidades grandes foram as primeiras a
adotar as invenções: eletricidade, telefone, rádio, cinema, bicicletas,
automóveis. As conquistas da tecnologia entusiasmavam.
Os olhos se
enchiam de lágrimas ao verem os primeiros balões dirigíveis contornar as torres
das catedrais ou ao se ter notícia, na Patagônia ou no Saara, da vitória
japonesa em Port Arthur,
no momento em que as armas ainda fumegavam: - o telégrafo dava ao homem um novo
senso de sua presença na Terra. Acreditava-se que a máquina a vapor e a
eletricidade dariam ao mundo uma forma de felicidade nunca antes obtida.
Acontece que
o progresso técnico trazia em seu bojo profundas mudanças sociais e morais,
dele inseparáveis. Poucos viram esse perigo.
Desejava-se
juntar ao esplendor social os confortos trazidos pela técnica.
Mas a
máquina, trazendo velocidades e a produção em massa, minava a sociedade.
O trem — e
logo depois o automóvel — trouxe o gosto pelas viagens — nascia o turismo,
visitavam-se estações balneárias e montanhas desconhecidas da maioria.
Consequentemente
incrementava-se o esporte e com ele a modificação dos trajes, adaptados às
novas maneiras e sempre tendentes a considerar como aceitável o que até pouco
antes era visto como imoral. O esporte separava as gerações, pois os mais
velhos ainda não os praticavam em razão das normas do decoro: como era ridículo
ver alguém de fraque e cartola pedalando bicicletas! Com o esporte vieram as
danças cujo ritmo parecia competir com a velocidade das máquinas, acelerando-se
sempre, sempre mais sensuais.
Do minueto
passara-se à valsa, da valsa ao charleston e ao tango.
A indústria
empregava moças e elas, ainda então ligadas aos círculos da família paterna até
o casamento, passaram a trabalhar como operárias ou secretárias, tornadas independentes
pelo salário.
Aumentavam as uniões fora dos laços sagrados do matrimônio
cristão, apareciam os primeiros casos de divórcio, caía a prática religiosa. Em
vários países europeus aumentava a prostituição.
A
glorificação das velocidades intoxicou os espíritos que passaram a se
distanciar de toda forma de recolhimento.
Entre os
balões dirigíveis e a torre da catedral, esta passou a representar o passado
petrificado enquanto os dirigíveis simbolizavam o futuro, o movimento, pois
eles permitiam o descortino de horizontes mais vastos.
Ciência e Tecnologia
Vários inventores franceses patentearam produtos com impacto
duradouro na sociedade moderna.
Peugeot Tipo 3
construído em França em 1891.
O primeiro cartaz
cinematográfico do mundo, para a comédia L'Arroseur Arrosé , 1895.
Telephony video do
século XX como imaginado em France em 1910.
A Belle Époque foi uma época de grande avanço científico e
tecnológico na Europa e no mundo em geral.
As invenções da Segunda
Revolução Industrial que se tornaram geralmente comuns nessa época incluem
a perfeição de carruagens levemente soltas e silenciosas em uma infinidade de
novas formas de moda, que foram substituídas para o final da era pelo
automóvel, que foi para sua primeira década um Luxuoso experimento para o
bem-de-salto.
Automóvel
Os fabricantes de automóveis franceses, como a Peugeot, já
eram pioneiros na fabricação de automóveis.
Aumentam a lista dos meios de transporte a invenção dos
automóveis (o primeiro motor de combustão foi patenteado em 1879, o primeiro
carro foi construído em 1885 e a palavra “automóvel” aparece em 1897).
Pneu
Edouard Michelin
inventou pneus removíveis pneumáticos para bicicletas e automóveis na década de
1890.
Ciclomotor
O scooter e ciclomotor também são invenções Belle Époque.
Telefone
Depois que o telefone juntou o telégrafo como um veículo
para a comunicação rápida, o inventor francês Édouard Belin desenvolveu o Belinograph, ou o Wirephoto, para
transmitir fotos pelo telefone.
Luz Elétrica
A luz elétrica começou a substituir a iluminação do gás, e
as luzes de néon foram inventadas na Franca.
Cinema
A França foi
um líder de tecnologia de cinema precoce.
Em 1895, em Paris, os irmãos Lumière fizeram a primeira demonstração pública do
cinematógrafo, dando início ao cinema, que foi uma das diversões mais populares
da primeira metade do século XX.
O cinématographe foi inventado na França por Léon Bouly e posto em uso por Auguste e Louis Lumière.
Os irmãos Lumière
fizeram muitas outras inovações na cinematografia. Foi durante essa época que
os filmes foram desenvolvidos, embora estes não se tornaram comuns até depois
da Primeira Guerra Mundial.
Avião
O avião, com duas datas aceitas pela Federação
Internacional de Aeronáutica: os irmãos Wright,
americanos, em 1903 e o brasileiro Santos
Dumont em 1906.
Cartão-postal francês com ilustração
do primeiro vôo de
Santos Dumont
Embora o avião permanecesse uma experiência fascinante, a
Franca era líder na aviação.
Força Aérea
A França estabeleceu a primeira força aérea nacional do
mundo em 1910.
Helicóptero
Dois inventores franceses, Louis Breguet e Paul Cornu,
fizeram experiências independentes com os primeiros helicópteros voadores em
1907.
Radioatividade
Henri Becquerel
descobriu a radioatividade em 1896 enquanto trabalhava com materiais
fosforescentes. Seu trabalho confirmou e explicou observações anteriores sobre
sais de urânio por Abel Niépce de
Saint-Victor em 1857.
Matemática
O matemático e físico Henri
Poincaré fez contribuições importantes para a matemática pura e aplicada, e
também publicou livros para o público em geral sobre temas matemáticos e
científicos.
Quimica
Marie
Skłodowska-Curie trabalhou na França, ganhando o Prêmio Nobel de Física em
1903 e o Prêmio Nobel de Química em 1911.
Fisica
O físico Gabriel
Lippmann inventou a imagem integral, ainda em uso hoje.
O carvão barato e a mão-de-obra barata contribuíram para o
culto da orquídea e possibilitaram a perfeição dos frutos cultivados sob vidro,
à medida que o aparelho dos jantares de estado estendia-se às classes
superiores.
Indústria Naval
Com melhorias nos motores, os navios de comércio e de
viagem se tornaram maiores e mais rápidos e também mais baratos, com a divisão
em três classes de passageiros.
Em 1897, um navio da North German Lloyd completou o
percurso entre Southampton (Inglaterra) e Nova York (USA) em 5 dias, 17 horas e
8 minutos.
Fotografia
A fotografia também se populariza durante a Belle Époque,
com a invenção das máquinas portáteis fabricadas pela Kodak.
Medicina e Salubridade
As concepções médicas e estéticas sobre saúde também
mudaram drasticamente neste período, passando a enfatizar a atividade física
como necessária para uma vida saudável.
Foi nessa época que biólogos e médicos finalmente chegaram a
entender a teoria dos germes da doença, e o campo da bacteriologia foi
estabelecido. Louis Pasteur foi
talvez o cientista mais famoso na França durante este tempo. Pasteur desenvolveu pasteurização e uma
vacina contra a raiva.
Feiras
Foi durante a "belle époque" que ocorreu a Feira
Mundial de Paris (em 1889) e a Torre Eiffel foi erguida, como entrada para a
feira.
Por volta dessa época, Paris foi considerada o centro do desenvolvimento
intelectual, científico e médico, assumindo a liderança na Europa e em todo o
mundo, uma vez que a América ainda estava se recuperando da crise de 1873.
A Torre Eiffel, tornou-se o símbolo habitual da cidade, dos
seus habitantes e dos visitantes de todo o mundo.
O grande símbolo dessa atmosfera de modernização que
caracterizou a Belle Époque foi a chamada
Exposição Universal (Exposition
Universelle, em francês), realizada em 1900, em Paris
Essa exposição consistia em uma feira aberta de mostras
tecnológicas e culturais que ocorria em vários pontos da capital francesa.
O objetivo era render homenagens e fazer demonstrações do
que havia sido inventado, dos aparatos técnicos da última leva, da nova moda de
vestimentas, novos monumentos públicos e a nova arte (geralmente no estilo Art
nouveau).
Estilo
Existia na sociedade em geral o desejo de buscar um estilo
que refletisse e acompanhasse as inovações da sociedade industrial.
A segunda metade do século XIX marcou uma mudança estética
nas artes, a inspiração na antiguidade vigorava desde o século XV, e as
fórmulas baseadas no Renascimento começam a dissipar-se dando lugar a Arte
Nova, que se opunha ao historicismo e tinha como tônica de seu discurso a
originalidade, a qualidade e a volta ao artesanato.
A sociedade aceitou novos objetos, móveis, anúncios,
tecidos, roupas, jóias e acessórios criados a partir de outras fontes: curvas
assimétricas, formas botânicas, angulares, além dos motivos florais.
Arquitetura
As técnicas de construção foram aperfeiçoadas, tornando
possíveis coisas como a Torre Eiffel e o Grand Palais, em Paris.
Paris tinha sido profundamente alterado pelas reformas do
Segundo Império francês para a arquitetura da cidade e as amenidades públicas.
Haussmann fez a renovação
de Paris mudou sua habitação, layouts de rua, e espaços verdes. Os bairros
transitáveis eram bem estabelecidos pela Belle Époque.
Grandes edifícios públicos, como a Opéra Garnier, dedicaram
espaços enormes a projetos de interiores como locais de show Art Nouveau.
Mobilidade
Depois de meados do século XIX, as ferrovias ligaram todas
as grandes cidades da Europa a cidades termais como Biarritz, Deauville, Vichy,
Arcachon e a Riviera Francesa.
Suas carruagens foram rigorosamente divididas em primeira
classe e segunda classe, mas os super-ricos agora começaram a comissionar treinadores
ferroviários privados, como exclusividade, bem como a exibição foi uma marca de
luxo opulento.
O sistema metropolitano de metro de Paris juntou-se ao
omnibus e ao eléctrico para transportar a população trabalhadora, incluindo os
criados que não moravam nos centros ricos das cidades.
Sociedade
Duas
impressões vêm à mente da maior parte das pessoas quando pensam na:
Belle Époque
- As roupas Femininas
— saias longas, apertadas na cintura, chapéus largos, a sombrinha não podia
faltar.
- Os trajes Masculinos
— fraque escuro e cartola. Ainda hoje, em ocasiões de gala, os homens usam esse
traje como sendo o máximo da elegância.
Indissociavelmente
ligadas a tal modo de vestir ficaram na lembrança:
- As boas maneiras e a cortesia.
Eram nas
festas, recepções, concertos que essa distinção de trato encontrava o ambiente
próprio a se desenvolver e encantar a sociedade.
Não havia
maior prazer do que a conversa.
A arte de
conversar era então das mais cultivadas.
No centro
dessa arte estava a “cortesia”.
Isto é, a
consideração pela dignidade própria ao interlocutor, fosse ele sacerdote, nobre
ou pessoa do povo.
A escolha do
assunto? — se é que se pode falar de escolha, pois ele surgia segundo a ocasião
social, iluminando-se gradativamente, suavemente, como o acender das velas por
lacaios em libré, lustre após lustre, naqueles salões.
O
desenvolvimento do assunto e a escolha das frases, isto sim, era
circunstancial, fazendo da conversa uma obra de minuciosa composição temática.
Uma obra que
encantava.
Ritos como numa Liturgia
Temporal
Que críticas
não se deviam fazer em determinado ambiente?
Ou em que
medida fazer elogios?
Em caso de
uma discussão, como manter a elevação da conversa?
Caso se
tratasse de convite para um jantar, por exemplo, que flores oferecer e com que
traje comparecer?
Como se
servir dos talheres, do guardanapo, dos vinhos?
Terminada a
refeição, prescreviam os ritos sociais conhecer o momento oportuno de se
retirar, a fim de nem sobrecarregar a hospitalidade dos anfitriões com uma
conversa muito longa, nem dar a impressão de aborrecimento, retirando-se
apressadamente.
Todos os atos
da vida social eram organizados segundo regras — flexíveis de acordo com o bom
senso, é claro, mas que constituíam uma verdadeira liturgia da vida civil —
cuja finalidade era dar ao próximo respeito, reverência e honra.
Havia então
uma ordem de valores que unia a todos da sociedade e essa ordem era superior
aos interesses ou aos prazeres individuais.
Essa liturgia
era um resto da antiga caridade cristã, ensinada pela Igreja, e cujo modelo
tinham sido as interlocuções dos monges nos mosteiros e nas abadias.
Havia um
momento da vida monacal dedicado à conversa — e ela era obra de santificação —
que ensinava a dominar as inclinações e controlar a vontade própria em favor do
próximo.
Primava a “caridade”.
Assim, na Belle Époque, foi a amenidade e a elegância da vida
social que a tornaram bela.
A vida de
salão atraía irresistivelmente a todos, porque no contato humano a cortesia dá
um prazer durável.
A cortesia é
o melhor portador de “respeito e amizade”: - dois sentimentos que confortam a
alma.
A distinção
orienta o homem no sentido diáfano do anjo.
No Brasil
- Episódio de Joaquim
Nabuco ilustrativo da época
Talvez um
exemplo faça luz sobre a cortesia de então:
Nos primeiros anos do século XX, em plena Belle Époque,
chefiava Joaquim Nabuco a Missão Diplomática do Brasil em Londres. Pertencente
a uma família de políticos, intelectual de renome, tomado por abstrações
filosóficas e políticas, Nabuco era conhecido por suas distrações. Tendo
recebido convite, belamente impresso, para jantar em casa de outro embaixador,
esforçou-se por chegar à hora, pois embora a pontualidade não estivesse de modo
algum em seus hábitos, na Inglaterra ela sempre foi rigorosamente exigida.
Recebido pontualmente pelo mordomo, teve entretanto de esperar um tempo mais
longo do que habitual até que aparecesse o embaixador, acompanhado de sua
senhora. Amabilíssimos, contentes com a presença de Nabuco, mestres na arte de
receber, incitaram-no a falar — desde sobre florestas exóticas do Brasil até os
movimentos sociais da recente República — o que muito lhe agradou.
Terminados o
jantar e a animada conversa, o casal o acompanhou até a saída, e ao abrir-lhe a
porta do cabriolé, disse então o diplomático anfitrião, com ligeira inclinação:
“Prezado Doutor Nabuco, segundo o convite que tivemos a
honra de lhe enviar, nós o aguardamos então, amanhã, para o jantar”.
Nabuco tinha
se enganado de data e comparecido um dia antes...
Salões e a Nobre Arte
da Conversa
Não
surpreende que, em razão dessa amenidade de trato, nas grandes cidades
européias os salões se multiplicavam em todas as classes sociais.
- A elite, em
seus palácios, discutia arte e literatura, ambas em rápida transformação.
- Política
era também um tema central. Monarquistas afeitos às belas e boas tradições
enfrentavam os republicanos imbuídos de suas idéias de progresso e reformas
sociais. –
- Nos salões
burgueses se reuniam nos cafés.
- Escritores
e poetas freqüentavam cafés literários; professores e cientistas os cafés
universitários.
- As
novidades científicas empolgavam, pois as descobertas e invenções se
multiplicavam.
Na medicina
surgiam novos remédios e métodos cirúrgicos. Em todos esses salões cintilavam
inteligências.
- Quando o
clima permitia, sobretudo na primavera e no verão, concertos e espetáculos ao
ar livre reuniam nos grandes parques e jardins pessoas provenientes dos mais
variados salões. Paris e Berlim ofereciam jardins cujo elevado bom gosto se
refletia para os paulistanos no Parque da Luz e no Parque Antarctica, e para os
cariocas na Praça Paris.
“Salões” nas Pequenas Cidades e Aldeias
Havia também “salões” — talvez os mais
autênticos — nas
pequenas cidades e nas aldeias.
À saída da
Missa, pequenos grupos de pessoas se reuniam num café ou em casa de uma delas,
quando não os recebia o chefe político local.
A literatura,
as artes, a ciência não constituíam os grandes temas das conversas. O centro
das atenções era a vida do lugar. Uma cabra desaparecida, uma onça vista à
noite ao lado do curral, o incêndio no paiol do vizinho, a chegada do novo
pároco, rumores de que ladrões vindos de longe rondavam a região, narrativas de
caçadas eram assuntos próprios a inflamar as conversas. Por vezes as reuniões
se davam também durante a preparação das festas religiosas ou das procissões
solenes. Desses encontros até crianças participavam, ouvindo silenciosamente,
aprendendo com os mais velhos. Não havia rádio.
A televisão
estava ainda mais distante. Não havia, portanto, a excitação das novidades e a
ânsia comercial despertada pela propaganda. As pessoas assim se preservavam,
conservando o caráter autêntico de sua família e de sua região, sendo cada uma
delas uma personalidade rica em particularidades.
Precisamente
esta riqueza tornava interessante o contacto, pois de que vale encontrar-se com
pessoas padronizadas pela propaganda, tal como cada um dos outros?
Se nesses “salões” a delicadeza cortês e as
sutilezas de linguagem podiam não ser a nota dominante, como na capital, a
autenticidade das almas oferecia uma variedade de caracteres também ela
encantadora.
Este esplendor das relações sociais
conferiu à Belle Époque seu
qualificativo de bela, tornando-a inesquecível.
Os principais centros urbanos e culturais dessa época, além
de Paris, eram Viena, Berlim e Londres.
A formação desses centros urbanos inundados de inovações
tecnológicas, como o telégrafo, o automóvel, os trens e bondes elétricos, o
fonógrafo e gramofone, o telefone, a fotografia e, principalmente, o cinema,
acabou por modelar também o comportamento e os sentidos humanos. Isso teve uma
repercussão muito grande na arte. Movimentos das artes plásticas, como o impressionismo
e o expressionismo, nasceram da necessidade de se representar a realidade de
modo a captar algo diverso do que a fotografia já era capaz de fazer.
O historiador Philip
Blom, em sua obra Anos vertiginosos: mudança de cultura no Ocidente – 1900-1914,
mostra claramente a sensação que era percebida naquela época:
Velocidade e euforia, angústia e vertigem eram temas recorrentes entre
1900 e 1914, quando as cidades explodiram em suas dimensões e as sociedades
foram transformadas, a produção em massa entrou para a vida cotidiana, os
jornais tornaram-se impérios das comunicações, o público de cinema contava-se
às dezenas de milhões e a globalização trazia aos pratos dos britânicos carne
da Nova Zelândia e cereais do Canadá, aniquilando a venda de velhas classes
fundiárias e promovendo a ascensão de novos tipos: engenheiros tecnocratas, as
classes urbanas.
Para Blom, o
caráter vertiginoso desses anos de Belle Époque exprimia também a própria
essência do que era ser moderno, no sentido de ruptura com as bases da cultura
tradicional do Ocidente. Segundo esse historiador:
[…] A modernidade não emergiu virgem nas trincheiras de Somme. Muito
antes de 1914, já se afirmava solidamente nas mentes e nas vidas da Europa. A
primeira Guerra não funcionou como elemento gerador, mas catalisador, forçando
velhas estruturas a ruir mais rapidamente e novas identidades a se afirmar mais
facilmente.
Nas grandes cidades o ambiente mudou radicalmente, o que era
visível nas principais avenidas, onde se multiplicavam os cafés, os cabarets,
os ateliers, a galerias de arte, espaços frequentados pela média burguesia, que
tinha cada vez mais posses.
Do ponto de vista cultural, assistimos a multiplicação das
livrarias, salas de concertos, boulevards, atêliers, principalmente as
parisienses, de onde saíam quase todas as tendências estéticas e artísticas
globais produzidas durante o período.
No século XIX, surgiram em Paris os grandes magazines, como
Le Bon Marché e Printemps (que, a propósito, são até hoje as grandes lojas de
departamentos que não se pode deixar de visitar estando em Paris), novos
palácios de compras que revolucionariam o sistema comercial e industrial da
moda.
Exterior da loja de
departamentos 'Printemps' que revolucionou os hábitos das francesas.
Interior da loja de
departamentos 'Printemps'.
Neste período estende-se de 1895-1914, suas maiores
características eram o esplendor e a opulência.
A Belle Époque apresentava uma estrutura de classe que
assegurava mão-de-obra barata. Um resultado desse deslocamento da classe
operaria com novos meios de mobilidade foi a suburbanização, permitindo que os
bairros da classe trabalhadora e da classe alta fossem separados por grandes
distâncias.
A Moda e os Hábitos
Em 1829, que o francês Barthélemy
Thimmonier inventou a máquina de costura.
Passou-se a se valorizar muito as curvas do corpo feminino e
nunca a cintura fora tão afunilada.
O ideal feminino era ter 40 cm de cintura e, para isso, as
mulheres recorriam a cirurgias por meio das quais pudessem tirar as costelas
flutuantes e deformar mais ainda seus corpos com o uso do espartilho.
A
silhueta feminina também passou por uma grande mudança, perdendo os volumes tão
típicos da moda vitoriana.
Durante esse período, o corpo feminino também passou a ser
muito coberto por tecidos. Todas as
partes do corpo ficavam ocultas exceto as
mãos e as faces, isso quando não fossem usadas luvas.
Usavam-se golas altas cobrindo o pescoço, saias em forma de
sino com as quais as mulheres não conseguiam andar se não dessem pequenos
passos, botas para evitar o indecoroso aparecimento de suas canelas e adornos
de chapéus como, por exemplo, flores enfeitando coques fofos.
As penas e peles exóticas eram mais proeminentemente apresentadas
na moda do que nunca, como a alta-costura foi inventada em Paris, o centro da
Belle Époque, onde a moda começou a se mover em um ciclo anual.
As mulheres ainda
totalmente cobertas. Não podia aparecer nada.
As mulheres eram românticas no vestir, mas opulentas em
função da nova silhueta em forma de “S” formada pelo uso exagerado do
espartilho. Isso porque com o uso do mesmo, criava-se o “peito de pombo” e os
quadris empinados pra trás que eram consequência disso, formando assim o “S”.
Os famosos
"corsets" ou espartilhos que modelavam os corpos femininos da Belle
Époque.
No entanto as roupas utilizadas por cima dessa estrutura
eram leves e fluídas, com detalhes românticos e femininos.
Os tecidos mais usados eram a seda, a musselina, o crepe e o
tule. Todos em cores pastéis. Os detalhes eram feitos com pregas e acessórios
como plumas e fitas.
Propaganda de uma
fábrica de roupas da moda parisiense da Belle Époque
Uso indispensável em momentos especiais eram os grandes e
enfeitados chapéus.
Ele era o que chamava a atenção na cabeça da mulher da Belle
Époque.
De todos os tipos, cores e tamanhos, de preferência grandes
e chamativos.
Mais para o final da Belle Époque, o embrião do que hoje
conhecemos como tailleur, mas ainda com o uso dos belos e charmosos chapéus.
Outra novidade foi a masculinização do visual feminino para
que as mulheres pudessem andar de bicicleta ou a cavalo mais confortavelmente,
usando um traje mais esportivo. Surgiu assim, uma espécie de saia-calção
bufante e, mais tarde, com a incorporação dessas roupas ao dia-a-dia, o
tailleur, que nada mais é senão o terninho feminino.
Começou-se a tomar banho de mar como forma de lazer, o que
antes tinha apenas funções terapêuticas. Mas a roupa que usavam era muito
diferente das que conhecemos hoje, e muito interessante também, era feita de
malha (normalmente em fios de lã) e cobria o tronco indo até os joelhos. Sem
contar que entrava-se no mar de meias e de sapatos.
Principais Características da Belle Époque
- Influência do Art Noveau, das formas curvilíneas;
- Cinturas extremamente afuniladas, a famosa “Ampulheta”;
- Golas altas e decotes fechados;
- Saias sem anquinhas, porém volumosas, muito ajustadas e em
formato de sino;
- Chápeus com flores sobre coques;
- Botas de cano curto;
- Prática de esportes, principalmente o Hipismo e o Tênis;
- Banhos de mar com malhas de lã, meias, sapatos e capa.
- Alta-Costura em evidência com novos nomes, tais como,
Jacques Doucet, John Redfern e Paul Poiret.
Um cartoon 1900 da revista Le Frou
Frou (assinado "Jan Duch")
O cartoon acima satiriza uma tendência de estilo favorecendo seios pequenos (um peito grande ainda pode ser aceitável nas províncias, mas não em Paris.
Mulher com seis fartos
Moda e Modismo
Os homens mantinham vestuário discreto, mostrando que a mulher
era o centro da atenção.
Esportes
As práticas desportivas começam a se tornar populares em
várias camadas sociais: ciclismo, automobilismo, ginástica, patinação, natação,
golfe, remo, futebol.
Os Jogos Olímpicos são trazidos de volta à vida pelo Barão de Coubertin em 1894, como
resultado dessa valorização dos esportes.
Maurice Garin, vencedor do primeiro Tour de France,
realizado em 1903
Campo
Embora no campo os avanços tecnológicos tenham demorado a
chegar e a vida e o trabalho permanecessem muito parecidos com dois séculos
antes, havia uma atmosfera de otimismo e entusiasmo pelo progresso e pelo
estado geral da sociedade.
Industria
Nos últimos 100 anos, a indústria se desenvolvera e com
ela o movimento operário, que garantira melhorias como a redução das jornadas
de trabalho; mas este movimento operário também representava um problema para
os patrões à medida que as ideias socialistas e anarquistas cresciam entre os
trabalhadores.
Exodo Rural
Cada vez mais, as pessoas trocavam o campo pela cidade em
busca de melhores oportunidades, liberando mão-de-obra para a indústria e
comércio, mas também aumentando a população pobre nas periferias das grandes
cidades.
Na Belle Époque, a concentração de população pobre em
“construções insalubres” foi alvo de uma cruzada do poder público, que buscava
melhorar as condições sanitárias dos centros da cidades – mas acabava
expulsando as pessoas pobres de suas casas e para bairros cada vez mais
afastados.
Antes das reformas da Belle Époque, nem mesmo Paris se
parecia com a Cidade-Luz que conhecemos.
Esta foto faz uma comparação entre a
cidade na década de 1860 e uma foto atual, com construções do período da Belle
Époque.
Cultura
Com seus cafés-concertos, balés, óperas, livrarias, teatros,
boulevards e alta costura. Paris, a Cidade Luz, era considerada o centro
produtor e exportador da cultura mundial.
A cultura boêmia imortalizada nas páginas do romance de Henri Murger, Scènes de la vie de
bohème (1848).
Ocorreram ainda várias mudanças no mundo da arte na Europa,
fazendo com que teatros, exposições de telas, cinemas, entrassem no cotidiano
dos burgueses.
E apenas eles tinham acesso a este mundo da arte.
A Arte
Durante a Belle Époque surgiram três correntes artísticas a
nível da pintura, o fauvismo (Matisse
foi o seu maior representante), o cubismo (onde se destacou Picasso) e o impressionismo (com Claude Monet como iniciador (1840-
1926).
Mabel Normand, famosa atriz de cinema que estrelou ainda na Belle
Époque
O estilo chamado art nouveau ("arte nova" em
português) foi típico da Belle Époque. Esta corrente artística surgiu nos
finais do século XIX, em reação ao emprego abusivo na arte de motivos clássicos
ou tradicionais.
Em vez de se basear nos sólidos modernos da arte clássica, a
art nouveau valorizava os ornamentos, as cores vivas e as curvas sinuosas
baseadas nas formas elegantes das plantas dos animais e das mulheres.
É uma arte essencialmente decorativa sendo as principais
obras desse estilo fachadas de edifícios, objetos de decoração (móveis,
portões, vasos), jóias, vitrais e azulejos.
Um dos pintores mais conhecido da Arte Nova é Alfonse Mucha.
Lição de Arte (1901),
do desenhista norte-americano
Charles
Dana Gibson
Tendo surgido, acredita-se, de uma série de influências na
arte, também na literatura, considera-se que entre os seus precursores estão William Morris e o movimento Arts and
Crafts, o movimento Pré-Rafaelita, o Historicismo do Romantismo do Barroco, do
Revivalismo Gótico e Celta, William
Blake e Walter Crane, as
gravuras Japonesas , Oscar Wilde, o
ideal wagneriano de Gesamtkunstwerk,
de Aubrey Beardsley, a poesia
simbolista de Mallarmé e das
pinturas de Toulouse-Lautrec, Munch, Whistler, Nabis e Seurat.
Outras formas de arte tipicamente modernistas, como o
cubismo de Picasso, buscavam
recursos das culturas primitivas de outros continentes, como a África.
A própria aura tecnológica foi um modelo imitado pela
pintura, no caso dos futuristas, como Giacomo
Balla, que procurava passar a impressão de velocidade em seus quadros.
Na pintura, o Modernismo (Art Nouveau, em francês) assumiu
as tendências e foi considerado o movimento mais popular durante este período.
Este estilo decorativo caracterizado por formas curvilíneas,
tornou-se proeminente a partir de meados da década de 1890 e, gradualmente,
dominou a maior parte da Europa.
Sua utilização na arte pública em Paris e em suas estações
de metrô o tornou uma marca registrada da cidade.
A Pintura
O nome Impressionismo, como tantos outros exemplos na
História da Arte, inicialmente teve um cunho pejorativo. Foi um rótulo posto no
trabalho de um grupo de artistas que, de acordo com os críticos da época,
acreditavam na impressão do momento como algo tão importante que se bastava por
si mesma, dispensando as técnicas tradicionais acadêmicas.
Esses artistas realizaram inúmeras exposições em Paris entre
1874 e 1886, porém, sua aceitação pelo público foi lenta e sofrida, pela
incompreensão ao trabalho realizado.
Ridicularizados, inicialmente pela crítica, por não seguirem
a tradição pictórica que vinha sendo solidificada desde o renascimento,
acabaram por, paulatinamente, obter o respeito e aceitação de suas “novas
técnicas“ por parte do público. E como acontece em muitas ocasiões a crítica
foi a reboque dos acontecimentos.
Na verdade, o impressionismo era a busca da imagem ao
natural, a importância do pincel na formulação da obra.
"Bal au Moulin
de la Galette", obra-prima de Renoir, 1876.
O Moulin de la Galette ainda exite na Butte Montmartre no 18ème.
Obra de Renoir
"La Danse à la Ville", 1883, Musée D'Orsay.
Claude Monet, o
mestre do impressionismo, "Femmes au Jardin", 1883,
atualmente no
Musée D'Orsay.
Claude Monet,
"The Walkers, Bazille and Camille", 1865, obra de propriedade da
National Gallery of Art, Washington DC, USA.
Em 1890, Vincent van
Gogh morreu. Foi durante a década de 1890 que seus quadros alcançaram a
admiração que os havia escapado durante a vida de Van Gogh, primeiro entre outros artistas, e depois gradualmente
entre o público. Reações contra os ideais dos impressionistas caracterizaram as
artes visuais em Paris durante a Belle Époque. Entre os movimentos
pós-impressionistas em Paris estavam o Nabis, o Salon de la Rose + Croix, o
movimento simbolista (também na poesia, música e arte visual), o fauvismo e o
modernismo primitivo.
Entre 1900 e 1914, o Expressionismo tomou conta de muitos
artistas em Paris e Viena. As primeiras obras do cubismo e da abstração foram
exibidas. Influências estrangeiras estavam sendo fortemente sentida em Paris
também.
A escola de arte oficial de Paris, a École des Beaux-Arts,
realizou uma exposição de gravuras japonesas que mudou as abordagens do design
gráfico, dos cartazes e da ilustração do livro (Aubrey Beardsley foi
influenciado por uma exposição semelhante quando visitou Paris durante a década
de 1890).
Exposições de arte tribal africana também capturou a
imaginação de artistas parisienses na virada do século XX.
Impressionismo
Embora o impressionismo na pintura tenha começado bem antes
da Belle Époque, inicialmente ele foi encontrado com ceticismo, se não desprezo
por um público acostumado com a arte realista e representacional aprovado pela
Academia.
Em 1890, Monet
começou sua série Haystacks. O impressionismo, que tinha sido considerado a
vanguarda artística na década de 1860, não ganhou aceitação generalizada até
depois da Primeira Guerra Mundial.
O estilo de pintura acadêmica, associado com a Academia de
Arte em Paris, manteve o estilo mais respeitado entre o público em Paris.
Os artistas que apelaram ao público Belle Époque incluem William-Adolphe Bouguereau , o inglês
pré-rafaelita John William Waterhouse
, e Lord Leighton e suas
representações de idílica cenas romanas.
Os gostos mais progressivos frequentavam os pintores de
plein-air da escola de Barbizon . Esses pintores eram associados dos
pré-rafaelitas, que inspiraram uma geração de " almas " de espírito
estético.
Literatura
A nível literário a época ficou marcada pelo surgimento de
novos géneros, como os romances policiais e de ficção científica, onde se
destacaram os heróis solitários, como Arsène
Lupin ou Fantômas, que se
mascaravam e usavam armas modernas e inovadoras.
É a época das boemias literárias, como as de Montmartre e
Munique. Dessa literatura de cafés e boulevards, de transição pré-vanguardista,
é que vão se originar os inúmeros–ismos que dela advieram.
O Café de la Paix em 1900.
Este café existe até hoje de frente para a Ópera Garnier
Em literatura, considera-se que um dos principais
precursores do estilo Art Nouveau Revivalismo Celta, especialmente na
Inglaterra, Escócia, Irlanda e Escandinávia, o qual teria dado, voltando-se
para as "épocas áureas" de cada país.
Apesar dos motivos medievais de cavalaria usados por esta
tendência literária, que contribui para a Art Nouveau em outros gêneros
artísticos, havia nesta escola um desejo da libertação do antigo e uma certa
procura do novo, que refletiu-se em movimentos como o Novo Paganismo ou o Novo
Hedonismo.
O retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde "caracterizava-se pela Nova Voluptuosidade".
Quanto à literatura, o realismo e o naturalismo foram
dominantes durante a "Belle Époque", destacando autores como Guy de
Maupassant e Émile Zola.
O realismo foi, posteriormente, envolvido no modernismo. A
poesia não ficou muito atrás, com o destaque de escritores simbolistas, como Charles Baudelaire e o "enfant terrible",
Arthur Rimbaud.
Na França, por volta de 1900, a inquietação resultante das
transformações científicas por que passava a humanidade, estava no auge. Os
escritores, embora cultuando Charles Baudelaire,
Jean Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane
Mallarmé, aos quais se juntavam os estrangeiros Edgard Allan Poe, Walt
Whitman, Émile Verhaeren e Gabriele d'Annunzio, já não se
contentavam apenas com as soluções simbolistas então em moda. Arquitetavam novas
teorias culturais, experimentavam timidamente outras fórmulas expressivas,
fundavam revistas e redigiam manifestos.
Charles Baudelaire,
cujos primeiros trabalhos passaram despercebidos, já havia escrito aos 20 anos
alguns dos poemas que comporiam o seu livro mais famoso, Les Fleurs du Mal,
publicado em 1857, depois de 15 anos de paciente elaboração.
Aos 26 anos, Baudelaire
leu um conto de Edgard Allan Poe,
iniciando a sua admiração pelo poeta estadunidense, cuja obra em prosa traduziu
e publicou, ao longo de quase 17 anos.
Foi Charles
Baudelaire, o homem que criou o conceito do flâneur parisiense. Só aos 36
anos, Baudelaire sentiu que deveria
reunir seus poemas em livro, optando pelo título de Les Fleurs du Mal.
Uma
crítica saída no Le Figaro atraiu os olhos da censura, levando a justiça a
condenar o livro por ultraje à moral pública e aos bons costumes, além de
exigir a supressão de seis poemas. Só em 1949 essa decisão foi revogada.
Charles Beaudelaire,
escritor francês, autor de "Les Fleurs du Mal".
O Paraíso das Damas
de Émile Zola
Émile Zola foi o
idealizador e principal expoente do naturalismo na literatura. Seu texto
conhecido como O Romance Experimental (1880) é o manifesto literário do
movimento. Émile Zola é muito
importante para a Belle Époque, com sua obra, “Au Bonheur des Dames”. Este
homem que tem seus restos mortais repousando, merecidamente, no Panthéon de
Paris.
Inspirado pela novidade dos magazines, Émile Zola, um dos grandes autores do realismo francês, publicou em
1883 "Au Bonheur des Dames" (O Paraíso das Damas). É uma obra
obrigatória para quem se interessa pela história da moda e dos hábitos da
sociedade francesa à época. Zola fez
uma ampla pesquisa econômica, arquitetônica e urbanística para escrever este
livro, que aborda praticamente todas as questões do comércio moderno da moda,
desde a força da publicidade ao ainda incipiente culto do corpo, desde produção
frenética da novidade aos dispositivos de sedução utilizados nas vendas.
Este lado sociológico é a melhor coisa do livro, que tem
como fio condutor a relação amorosa entre uma balconista vinda da classe baixa
e o rico proprietário do grande magazine Au Bonheur des Dames. É
particularmente sagaz e importante a análise que Émile Zola faz da maneira como este comércio nascente explora a
psicologia das mulheres.
Émile Zola,
criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista, além
de importante figura libertária da França.
O realismo gradualmente se transformou em modernismo, que
surgiu na década de 1890 e chegou a dominar a literatura européia durante os
últimos anos da Belle Époque e ao longo dos anos de entre guerras.
O clássico modernista Em Busca do Tempo Perdido foi iniciado
por Marcel Proust em 1909, para ser
publicado depois da Primeira Guerra Mundial. As obras do alemão Thomas Mann tiveram um enorme impacto na
França, como Death in Venice, publicado em 1912.
Colette chocou a
França com a publicação da série romance Claudine sexualmente franco, e outras
obras.
Joris-Karl Huysmans,
que veio à proeminência, em meados dos anos 1880, continuou a experimentar com
temas e estilos que seriam associados com o simbolismo e o movimento Decadente,
principalmente em seu livro a rebours.
André Gide, Anatole França, Alain-Fournier, Paul Bourget
estão entre os escritores de ficção mais populares da França na época.
O movimento decadente fascinou os parisienses, intrigado por
Paul Verlaine e acima de tudo Arthur Rimbaud, que se tornou o enfant
terrible arquétipo da França. As iluminações de Rimbaud foram publicadas em 1886, e subseqüentemente suas outras
obras foram publicadas, influenciando Surrealists e Modernists durante o Belle
Époque e em seguida. Os poemas de Rimbaud
foram as primeiras obras de verso livre vistas pelo público francês. Verso
livre e experimentação tipográfica também surgiram em Un Coup de Dés Jamais
N'Abolira Le Hasard de Stéphane Mallarmé, antecipando Dada e poesia concreta.
A poesia de Guillaume
Apollinaire introduziu aos leitores temas e imagens da vida moderna.
Cosmopolis: A Literary Review teve um impacto de longo
alcance sobre os escritores europeus, e correu edições em Londres, Paris, São
Petersburgo e Berlim.
Art Nouveau
Na arquitetura surgiu o estilo Art-Nouveau, com suas formas
curvelíneas, contornos sinuosos, assimetria, ritmo elegante, feito de linhas
entrelaçadas e sempre dando a idéia de movimento e seus adornos exuberantes.
Destaca-se enquanto movimento artístico da Belle Époque, o
estilo “Art Nouveau”, um fazer ornamental de cores vibrantes e formas sinuosas,
presente desde as fachadas dos edifícios até nos objetos decorativos, como
joias e mobiliários.
O espanhol Antonio
Gaudí y Cornet, com seu trabalho
revolucionário em Barcelona. Não se pode falar na Art-Nouveau sem mencionar
arquiteto francês, Hector Guimard,
projetista das entradas do metrô de Paris no período de 1889 a 1904.
O estilo Art-Nouveau obteve a consagração internacional
durante a Exposição Universal de 1900, realizada em Paris, em comemoração à
passagem do século.
As entradas do Metrô
de Paris de 1900.
Théâtre L'Athénée
Louis-Jouvet na Rue Bordeau, 9ème arrondissement, belíssimo exemplar do estilo
Art-Nouveau na arquitetura.
Detalhe da fachada do
teatro L'Athénée
Interior do teatro L'Athénée
O Castel Béranger, o
mais famoso prédio de Paris em estilo Art-Nouveau, fica na Rue des Fontaines,
14 no 3ème arrondissement. O Castel Béranger foi inaugurado em 1890.
Art Nouveau (Arte Nova), é um estilo artístico que surgiu na
França na década de 1890 e prevaleceu até o final da década de 1920. Espalhou-se
pela Europa, Estados Unidos e outros países do mundo, inclusive chegando ao
Brasil.
Este estilo artístico atingiu vários setores artísticos
como, por exemplo, design, arquitetura, artes decorativas, artes gráficas e
criação de móveis (arte mobiliária).
Este estilo fazia uso de materiais como o vidro, a madeira e
o cimento, e relacionava-se com a produção industrial em série.
Os artistas deste estilo artístico faziam uso dos
conhecimentos físicos e matemáticos, e valorizavam muito a lógica e o conhecimento
racional, se opondo ao movimento romântico e à valorização das expressões
sentimentais na arte.
A natureza e suas imagens eram muito valorizadas, retratadas
com linhas em movimentos e arabescos. O uso das cores era feito com tonalidades
frias nas pinturas e a figura feminina era muito retratada.
Artistas importantes da Art
Nouveu:
- Victor Horta - projetista e arquiteto
belga
- Ferdinand Hodler – pintor suíço
- Emile Gallé – designer e artesão
francês.
- Alfons Maria Mucha - designer e
ilustrador checo.
- August Endell – arquiteto alemão
- Jan Toorop – pintor holandês
- Hector Guimard – arquiteto e desenhista
industrial francês
- Antoni Gaudí – arquiteto espanhol.
- Henry van de Velde – projetista,
designer e arquiteto belga.
- Gustav Klimt – pintor e desenhista
austríaco
- Joseph Olbrich – arquiteto austríaco
- Les Vingt – pintor belga
- Emilie Flöge – designer austríaca
A maior igreja construída em
estilo art-nouveau do mundo é o Templo Expiatório da Sagrada Família,
localizado em Barcelona (Espanha). Patrimônio Mundial da Unesco, ela foi
projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí.
Ainda em construção, ela tem atualmente 107 metros de altura. Deverá ser
finalizada em 2027, quando chegará a 170 metros.
Você sabia?
Suas características envolvem a
valorização das cores vivas, curvas sinuosas que se baseavam nas formas das
plantas, animais e mulheres, além dos ornamentos. As principais obras deste
estilo são fachadas de edifícios, vitrais, joias, móveis e portões.
É o movimento de arte mais popularmente reconhecido a
emergir do período. Este estilo amplamente decorativo (Jugendstil na Europa
Central), caracterizado por suas formas curvilíneas e motivos inspirados na
natureza tornou-se proeminente a partir de meados da década de 1890 e dominou o
design progressivo em grande parte da Europa.
Os artistas proeminentes em Paris durante o Belle Époque
incluíram pós-impressionistas como Odilon
Redon, Gustave Moreau, Maurice Denis, Pierre Bonnard, Édouard Vuillard, Paul
Gauguin, Henri Matisse, Émile Bernard, Henri Rousseau, Henri de
Toulouse-Lautrec Substancialmente depois de sua morte), Giuseppe Amisani e o jovem Pablo Picasso.
Formas mais modernas de escultura também começaram a
dominar, como nas obras de Auguste Rodin,
um parisiense.
Muitos exemplos bem sucedidos de Art Nouveau, com notáveis
variações regionais, foram construídos em França, Alemanha, Bélgica, Espanha,
Áustria (Secessão de Viena), Hungria, Boêmia e Letónia.
Ele logo se espalhou pelo mundo, inclusive para o Brasil,
Argentina, México e Estados Unidos.
Com muitas influências orientais, o Art Nouveau traz para
a arquitetura e para as artes decorativas uma inspiração retirada da natureza,
mas executada com muito mais leveza do que a cerimoniosa arte do período
vitoriano.
Com muitas referências a folhas, galhos e animais, a
arquitetura do Art Nouveau apresenta linhas longas e sinuosas, misturando
elementos artísticos e industriais, combinando vitrais e madeiras entalhadas
com estruturas em ferro, por exemplo.
Este estilo vai atingir não apenas as construções, mas a
mobília, os objetos de decoração, jóias e roupas.
Detalhe de uma construção de 1905 em
Paris.
Broche da Casa Lalique, s.d.
Interior da joalheria Fouquet, em
Paris, projetado por Alfons Mucha em 1901.
“Quartos da Lua”, 1902.
Alfons Mucha é o artista que melhor
resume todas as características do Art Noveau
Jóias e Objetos de Decoração
Em Nancy, Émile Gallé
criou uma escola artesanal que produziu vasos e móveis para todo o mundo
ocidental.
Em Paris, destacou-se René
Lalique, que criou jóias no estilo de Gallé. Todos abordoando motivos florais
em riscos de rara finura.
Sala de jantar de
Hector Guimard, hoje exposta no Musée
D'Orsay.
Vaso de
René Lalique, 1902
Cultura do Divertimento
No fim do século XIX o êxodo rural, o desenvolvimento das
comunicações e a eletricidade, aliadas ao crescimento urbano propiciaram o
surgimento da cultura do divertimento.
Essa cultura ganhou status social na burguesia através dos
cabarés, onde era possível encontrar a fusão dos elementos da cultura erudita
com os elementos das classes baixas.
Aqueles que foram capazes de se beneficiar da prosperidade
da época foram atraídos para novas formas de entretenimento leve durante a
Belle Époque, e a burguesia parisiense, ou os industriais bem sucedidos chamados
nouveau-riches, tornou-se cada vez mais influenciada pelos hábitos e modismos
da cidade Classe social de elite, conhecida popularmente como Tout-Paris
("toda Paris", ou "todos em Paris"). O Casino de Paris
abriu em 1890.
Música
Musicalmente, a Belle Époque foi caracterizada pela música
de salão. Isso não foi considerado música séria, mas sim peças curtas
consideradas acessíveis a uma audiência geral.
Além de obras para piano solo ou violino e piano, a Belle
Époque era famosa por seu grande repertório de canções (melodias, romanze ,
etc).
Os italianos foram os maiores defensores desse tipo de
canção, sendo seu maior campeão Francesco
Paolo Tosti. Embora as canções de Tosti
nunca deixassem completamente o repertório, a música do salão de beleza caiu geralmente
em um período da obscuridade.
Mesmo como encores, os cantores tinham medo de cantá-los em
recitais sérios.
Nesse período, as valsas também floresceram. As operetas
também estiveram no auge de sua popularidade, com compositores como Johann Strauss III, Emmerich Kálmán e Franz Lehár.
Muitos compositores da Belle Époque que trabalham em Paris
ainda são populares hoje: Igor
Stravinsky, Erik Satie, Claude Debussy, Lili Boulanger, Jules
Massenet, César Franck, Camille Saint-Saëns, Gabriel Fauré e seu aluno, Maurice Ravel.
Dança
A dança moderna começou a emergir como um poderoso
desenvolvimento artístico no teatro.
Dançarino Loie Fuller apareceu em locais populares como o Folies Bergère, e
levou seu estilo de desempenho eclético no exterior também.
Os Ballets Russes de Sergei
Diaghilev trouxeram fama a Vaslav
Nijinsky e estabeleceram a técnica moderna do ballet. Os Ballets Russes
lançaram várias obras-primas de ballet, incluindo The Firebird e The Rite of
Spring (às vezes provocando tumultos ao mesmo tempo).
Boemia
Bohemian na Belle Époque criou
estilos de vida e ganhou um glamour diferente, perseguido nos cabarés de
Montmartre.
Cabarés
Os cabarés habitam nosso imaginário através das pinceladas
do pintor Henri de Toulouse-Lautrec
e dos filmes americanos, registros de uma tradição folclórica que um dia pode
chegar ao fim. A afirmação tem como base a transformação de alguns cabarés
parisienses em casa de espetáculos à americana.
O mais famoso dos cabarés que ainda apresentam o tradicional
Cancan – Moulin Rouge – é um dos poucos que preservam heroicamente o espetáculo
do século XIX.
O restaurante também guarda a tradicional decoração que
lembra a “belle époque”.
Obras
do pintor Eugene Galien Laloue (1854 – 1941): Paris na Belle Époque.
“Impressão
nascer do sol” de Claude Monet
Falar da Belle Époque é evocar a
imagem de dançarinas com meias negras, corpetes de veludo rosa e chapéus cheios
de penas dançando can-can num cabaré em Paris, para uma audiência formada por
cavalheiros ingleses bem vestidos, artistas boêmios e militares austríacos em
seus uniformes garbosos.
Embora o imaginário popular tenha
retido bem uma parte da atmosfera do período – no qual a diversão se tornou
algo a ser perseguido e que estava disponível a preços para todos os bolsos.
Para o público menos afluente de Paris, o entretenimento era
fornecido por cabarés, bistros e music-halls.
O Moulin Rouge cabaré é um marco de Paris ainda aberto para
negócios hoje.
O Folies Bergère foi outro marco local. Burlesque desempenhou
estilos foram mais mainstream em Belle Époque de Paris do que qualquer cidade
da Europa e América.
Liane de Pougy,
dançarina, socialite e cortesã, era conhecida em Paris como uma manchete em
cabarets.
Os bailarinos da Belle Époque, como La Goulue e Jane Avril,
eram celebridades de Paris, que modelaram a arte do cartaz icónico de Toulouse-Lautrec .
A dança Can-can foi um estilo popular de cabaré do século
XIX que aparece nos cartazes de Toulouse-Lautrec
da época.
Teatro
O popular teatro burguês de Paris foi dominado pelas fadas
leves de Georges Feydeau e
performances de cabaré.
O teatro adotou novos métodos modernos, incluindo o
expressionismo, e muitos dramaturgos escreveram peças que chocavam o público
contemporâneo, quer com suas representações francas da vida cotidiana e da
sexualidade, ou com elementos artísticos incomuns.
Teatro de cabaré também se tornou popular.
Indústria do Divertimento
Em 1890, marcou um "antes e depois" para a
indústria global de entretenimento com o aparecimento do cinema, que foi
popularizado pelos irmãos Lumière e
pelas produções magníficas de Georges
Méliès.
A indústria do divertimento (parque de diversão e cinema)
foi possível devido ao desenvolvimento da eletricidade e a diminuição da
jornada de trabalho, fazendo com que os operários tivessem mais horas livres para
o lazer.
Os parques e os cinemas transformaram-se em divertimento de
massa, porque o ingresso era barato e esses divertimentos provocavam um
desprendimento momentâneo da realidade cotidiana das pessoas.
Cartazes Publicitários
Com isso, vem à cena o surgimento das vanguardas entre os
artistas, a busca pelo novo e a necessidade de diferenciação dos demais.
Destaca-se o papel da arte na propaganda, em especial a arte
de Henri Toulouse-Lautrec nos
cartazes buscando, através da estética, uma tentativa de promoção e persuasão.
Cartaz de propaganda
típico da Belle Époque
Gastronomia
Em Paris, restaurantes como o Maxim's Paris alcançaram um
novo esplendor e um esplendor como lugares para os ricos desfilarem. Maxim's
Paris foi indiscutivelmente o restaurante mais exclusivo da cidade.
A cozinha francesa continuou a subir na estima dos gourmets
europeus durante a Belle Époque.
A palavra "ritzy" foi inventada durante esta
época, referindo-se à atmosfera elegante e clientela do Hôtel Ritz Paris. O chefe
de cozinha e co-proprietário do Ritz, Auguste
Escoffier, foi o preeminente chef francês durante a Belle Époque.
Escoffier
modernizou a alta gastronomia francesa, também fazendo muito trabalho para
espalhar sua reputação no exterior com projetos de negócios em Londres, além de
Paris.
O Champagne foi a bebida durante a Belle Époque.
O absinto álcool espírito foi citado por muitos artistas Art
Nouveau como uma musa e inspiração e pode ser visto em grande parte das obras
de arte da época.
Transformação dos Sentidos
Contudo, esse entusiasmo da Belle Époque teve os seus críticos, que, de um modo ou de
outro, previram certos efeitos que seriam colhidos com a grande catástrofe que
foi a Primeira Guerra Mundial.
Um deles foi o psiquiatra austríaco Sigmund Freud, que percebeu os problemas que as sociedades de
massa, integradas pelos meios de comunicação e pelo alto desenvolvimento
industrial, poderiam provocar.
A rivalidade entre as nações, pautada no ressentimento de
conflitos e divergências passados, foi um desses problemas.
O Fim de uma Época
A Belle Époque terminou com o eclodir da Primeira Guerra
Mundial, nomeadamente porque as notáveis invenções daquele período passaram a
ser utilizadas como tecnologia de armamento.
Utopia Socialista, Desluzimento de uma bela época
Politicamente, os republicanos oriundos da Revolução
Francesa viam com simpatia os novos costumes. Sabiam que a decadência moral dos
anos precedentes à Revolução de 1789 tinha sido uma das principais causas da
vitória revolucionária. Partidários do progresso e da técnica consideravam os
restos de tradições cristãs como incompatíveis com os novos tempos. Essa mesma
corrente evoluía, aos poucos, rumo à aceitação da utopia socialista.
Tanto os aficionados à elevação social daqueles anos, na
qual viam um ideal a ser conservado, quanto os partidários do progresso tiveram
enorme sobressalto com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em meados de 1914.
- Os primeiros viam no
terrível conflito a destruição de tradições tão preciosas e belas.
- Os outros, por
reconhecer no progresso o criador de máquinas mortíferas nunca antes
fabricadas.
A brutalidade da Guerra sufocou na lama das trincheiras e
nos gazes mortíferos a beleza daquela época.
O mundo nunca mais voltou a ser o que era.
O esplendor social empalideceu para em seguida entrar em
obscuro ocaso.
O que poucos sabem é que a expressão Belle
Époque só surgiu depois da I Guerra
Mundial para designar um período considerado de expansão e progresso, principalmente
em nível intelectual e artístico.
Como disse Philippe Julian em seu ensaio sobre este período para o Museu
Metropolitano de Nova York:
“A Belle Époque é um daqueles momentos nos quais o mito
substitui completamente a história no imaginário ocidental.”
Hoje, em
meio às frustrações de uma sociedade altamente tecnológica e vazia de conteúdo
moral e religioso, um número crescente de pessoas admira o esplendor e lamenta
o desaparecimento daquela doce liturgia que no convívio da Belle Époque regulava os atos de
cortesia.
O que poucos sabem é que a expressão
Belle
Époque só surgiu depois da I Guerra
Mundial para designar um período considerado de expansão e progresso,
principalmente em nível intelectual e artístico.
Como disse Philippe Julian em seu ensaio sobre este período para o Museu
Metropolitano de Nova York:
“A Belle Époque é um daqueles momentos nos quais o mito
substitui completamente a história no imaginário ocidental.”
Notas: